Avião americano destruído pela Coreia do Norte em 1950
Após a divisão das Coreias feita no paralelo 38 pelos Estados Unidos em acordo com a União Soviética, os líderes de cada lado, Syngman Rhee, da Coreia do Sul, e Kim Il-Sung, da Coreia do Norte, com seus países independentes, imediatamente começaram a incitar suas partes sobre a urgência na unificação e persuadiram suas populações que somente uma intervenção militar poderia fazer atingir essa meta. Mal fazia cinco anos que a Coreia se viu livre do Japão, já estava entrando em guerra com ela mesma. Antecipando os planos de Rhee para a unificação, Kim Il-Sung e Pak Hon Yong visitaram Stalin em abril de 1950, que asseguraram a ele que teriam apoiadores suficientes no sul para conseguir uma virada e vitória decisiva. Em 25 de junho de 1950, 70 mil tropas norte-coreanas esmagaram o sul (após uma suposta invasão do sul) através do paralelo 38. Começava a Guerra da Coreia.
Centenas de milhares de sul-coreanos fugiram em meados de 1950 após a invasão da Coreia do Norte
No Ocidente acredita-se definitivamente que a Coreia do Norte foi a parte agressora, com a guerra começando quando as forças do norte invadiram o sul em junho de 1950. Também há a teoria de que a Guerra da Coreia foi iniciada pela Coreia do Sul, e o norte simplesmente respondeu à altura, e se esse for realmente o caso, a ofensiva do sul no norte foi uma falha espetacular, devido ao sucesso do contra-ataque do norte.
Fuzileiros navais recrutas chegando em 1951 na Base Aérea de San Antonio, Texas, para a Guerra da Coreia
Uma guerrilha de vai e vem entre as fronteiras pelas forças de ambos os lados estava em curso por algum tempo, até mesmo anos, antes de junho de 1950, mas o ataque do norte em 22 de junho foi o mais decisivo. Enquanto o sucesso do ataque da Coreia do Norte sugere um longo curso de estratégia, o norte não estava desprovido de provocações e a possibilidade de uma divisão profunda em duas Coreias de fato era uma visão terrível a se ter. Mas os dois estados estavam empenhados em serem unidos em um só país, um país dividido por forças estrangeiras com um mapa e uma caneta.
Tanque no front do Rio Nakdong, em agosto de 1950
As forças do norte seguiram em direção ao sul enquanto as forças do sul, pobremente armadas e treinadas, batiam em retirada em pânico, até mesmo destruindo pontes e deixando seu próprio pessoal sem poder cruzá-las. Em somente uma semana, o norte conquistou Seul, mas ao mesmo tempo, os Estados Unidos e a ONU entraram em acordo para intervir no sul. As forças de quinze países formaram um só batalhão da ONU sob o comando do general americano Douglas MacArthur. O movimento decisivo ocorreu no início de setembro, quando a Coreia do Norte passou o rolo compressor no sul na região de Pusan, e ao mesmo tempo uma divisão de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos pousou em Incheon (onde hoje fica o aeroporto internacional de Seul), cortando a rota de suprimentos e forças da Coreia do Norte.
Os americanos bombardeiam ferrovias em Wonsan, no litoral leste da Coreia do Norte
Com muita força o batalhão da ONU empurrou a Coreia do Norte de volta ao paralelo 38, e depois pressionaram a unificação das Coreias sob a supervisão da ONU. Entretanto, o novo governo comunista da China estava prestando atenção no que acontecia em suas fronteiras com a Coreia do Norte neste cenário. O primeiro-ministro da China, também ministro das relações exteriores, ameaçou uma intervenção militar direta se as forças americanas cruzassem o paralelo. Apesar disso, MacArthur estava desesperado para terminar seu serviço e, ao final de outubro, as forças da ONU já haviam chegado ao Rio Yalu, tomando Pyongyang por terra e Wonsan pelo mar e bombardeando cada cidade pelo ar. Os chineses, como prometeram, contra-atacaram no final de novembro com centenas de milhares de tropas. O Comando da ONU estava despreparado para o ataque no inclemente inverno e em questão de dois meses já estavam a mais de 40 km ao sul de Seul. Lá eles permaneceram e os chineses tiveram suas primeiras derrotas em abril e maio de 1951. Aqui a guerra ficou na estaca zero, todos se combatendo no entorno do paralelo 38.
O já líder, ainda que informalmente, da Coreia do Norte, Kim Il-Sung discursa durante a guerra – ele tinha somente 34 anos
Discussões sobre um armistício foram propostas em junho de 1951, para as quais o general Ridgeway (que substituiu MacArthur) concordou. Os desdobramentos foram dois anos de negociações enquanto centenas de tropas morriam a cada dia. E para piorar, nesse meio tempo, o presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, ameaçou a Coreia do Norte com um ataque nuclear.
Kim Il-Sung assina o armistício que deu fim aos conflitos entre as Coreias, mas não terminou a guerra
Em 27 de julho de 1953, os Estados Unidos, a China e a Coreia do Norte assinaram um armistício no pequeno vilarejo fronteiriço de Panmunjom, ao sul de Kaesong, encerrando as batalhas, mas não a guerra: a paz nunca foi oficialmente declarada, até hoje. O custo da guerra é estimado em 3 milhões de civis coreanos e 700 mil soldados, um milhão de tropas chinesas, 54 mil soldados americanos e 3.200 de outros países aliados. Muitos dos civis norte-coreanos foram mortos em bombardeios aéreos e uma pesagem muito maior de bombas norte-americanas foram jogadas nas cidades coreanas do que jamais foram jogadas na Alemanha nazista ou no Japão Imperial. Até hoje a guerra permanece e a Coreia, dividida, com a DMZ (Zona Desmilitarizada) como lembrança.