História: O Período de Kim Il-Sung | Viagens ao Extremo | Coreia do Norte

HISTÓRIA

O PERÍODO DE KIM IL-SUNG

História

O PERÍODO DE KIM IL-SUNG

(1953-1994)

Kim Il-sung e Kim Tu-bong no encontro conjunto do Partido Novo Popular e do Partido dos Trabalhadores da Coreia em Pyongyang, 1946

Com o fim da Guerra da Coreia, apesar do fracasso em unir a Coreia sob seu domínio, Kim Il-Sung proclamou a guerra como vitoriosa no sentido de ele ter conseguido ficar no poder no norte. Entretanto, os três anos de guerra deixaram a Coreia devastada e Kim logo embarcou em um grande esforço de reconstrução. Ele lançou um plano econômico de cinco anos para estabelecer uma economia de comando, com toda a indústria sendo propriedade do Estado e toda a agricultura, coletivizada. A economia foi focada na indústria pesada e na produção de armas. Tanto a Coreia do Norte quanto a do Sul mantiveram grandes forças armadas para defender a Zona Desmilitarizada (DMZ), criada em 1953, apesar de nenhuma tropa estrangeira ter permanecido na Coreia do Norte – ao contrário do que aconteceu no Sul.

O líder Kim Il-sung conversa com o líder chinês Mao Tse Tung, na década de 1960

Nos anos subsequentes, Kim se estabeleceu como um líder independente do comunismo internacional. Em 1956, ele se juntou a Mao Tse Tung no campo do “antirrevisionismo”, no qual não aceitava o programa de “desestalinização” feito por Nikita Krushchev, apesar de Kim não ter, tampouco, se tornado um maoista. Ao mesmo tempo, ele consolidou seu poder sobre o movimento comunista coreano e os líderes rivais saíram de foco. O discurso Juche de 1955, que ressaltava a independência coreana, ocorreu no contexto de Kim contra os rivais, que tinham apoio soviético. Esses fatos foram pouco divulgados na época, vindo à tona somente em 1963 quando a mídia estatal começou a falar sobre isso.

Durante o ano de 1956, Kim Il-Sung resistiu com sucesso aos esforços da União Soviética e da China de depô-lo em favor de coreanos soviéticos ou os pró-chineses da facção Yanan. As últimas tropas chinesas saíram do país em outubro de 1958, que é tido como consenso como a independência de fato da Coreia do Norte.

O primeiro-ministro soviético, Nikita Kruschev

Apesar de sua oposição à desestalinização, Kim Il-Sung nunca destruiu suas relações com a União Soviética. Ele não fez parte da separação sino-soviética. Após Kruschev ser substituído por Leonid Brezhnev, as relações de Kim com a União Soviética ficaram mais próximas, especialmente durante a Revolução Cultural do final dos anos 1960.

Kim Il-sung visitando a Alemanha Oriental

Ao mesmo tempo, Kim reestabeleceu relações com a maioria dos países comunistas do leste europeu, principalmente com Erich Honecker, da Alemanha Oriental, e Nicolae Ceauşescu, da Romênia. Ceauşescu, em particular foi muito influenciado pela ideologia de Kim, e o culto à personalidade que cresceu em torno dele na Romênia foi muito similar ao de Kim. Kim e Enver Hoxha, da Albânia (outro estalinista independente) seriam inimigos ferozes e as relações entre a Coreia do Norte e a Albânia permaneceriam frias e tensas até a morte de Hoxha em 1985. Apesar de não ser comunista, Mobutu Sese Seko, do Zaire, também foi muito influenciado pelo estilo de Kim governar. Ao mesmo tempo, Kim estava estabelecendo um grande culto à personalidade. Os norte-coreanos aprenderam que Kim era o “Sol da Nação” e que não errava. Kim desenvolveu as políticas e ideologia de Juche (autodeterminação) ao invés de transformar a Coreia do Norte em um estado-satélite da União Soviética.

Kim Il-sung conversa com o líder comunista do Vietnã, Ho Chi Minh

Em meados dos anos 1960, Kim se impressionou com os esforços do Vietnã do Norte para reunificar o Vietnã através da guerrilha e pensou que algo similar poderia ocorrer na Coreia. Foram tentadas a infiltração e subversão em tropas americanas na Coreia do Sul. Esses esforços culminaram em uma tentativa de invadir a Casa Azul e assassinar o presidente Pak Chung-Hee. As tropas norte-coreanas ficaram muito mais agressivas em relação às americanas ao trocarem tiros na Zona Desmilitarizada. A captura do navio-espião USS Pueblo, em 1968, fazia parte dessa campanha.

Kim Il-sung e seu filho escolhido para a sucessão, Kim Jong-il

Uma nova constituição foi proclamada em dezembro de 1972, sob a qual Kim Il-Sung se tornava Presidente da Coreia do Norte. Em 1980 ele decidiu que seu filho Kim Jong-Il se tornaria seu sucessor, e cada vez mais entregava o comando do governo para ele. A família Kim era apoiada pelo exército devido ao histórico revolucionário de Kim Il-Sung e ao apoio do veterano ministro da defesa, O Chin-U. No Sexto Congresso do Partido, em outubro de 1980, Kim designou publicamente seu filho como seu sucessor.

Kim Il-sung encontra com o líder revolucionário cubano Fidel Castro

Dessa época em diante, a Coreia do Norte começou a encontrar dificuldades financeiras. O efeito prático do ideal Juche era de virtualmente cortar vínculos comerciais com outros países para se tornar autossuficiente. As reformas políticas de Deng Xiaoping na China a partir de 1979 significaram que o comércio com a Coreia do Norte havia perdido o interesse da China. O colapso do comunismo no leste europeu e na União Soviética, de 1989 a 1991 fez por completar o isolamento completo da Coreia do Norte. Tais eventos levaram a mais dificuldades econômicas, pois Kim Il-Sung se recusou a fazer quaisquer reformas econômicas ou democráticas.

Kim Il-sung e seu filho e futuro líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, no 6º Congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia

Para garantir uma sucessão completa para seu filho e designado sucessor, Kim Jong-Il, Kim renunciou ao seu cargo de presidente da Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte – a entidade responsável pelo controle das forças armadas e pelo comando de mais de um milhão de soldados da poderosa força militar do país, o Exército Popular da Coreia – para seu filho em 1991 e 1993.

Kim Il-sung é o eterno presidente da Coreia do Norte. Aparição pública em 1992

Até hoje, Kim Il-Sung – apesar de estar morto – permanece sendo presidente do país, também como secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia e chefe da Comissão Militar Central do Partido, a organização do partido que possui supervisão suprema sobre assuntos militares.

O presidente americano Jimmy Carter visitou Kim Il-sung em Pyongyang pouco antes de sua morte, em 1994

No início de 1994, Kim Il-Sung começou a investir na energia nuclear para compensar os problemas de energia trazidos pelos problemas econômicos. Essa foi a primeira de muitas “crises nucleares”. Apesar de apelos incessantes das nações do ocidente, Kim continuou a conduzir pesquisas nucleares, prosseguindo com o programa de enriquecimento de urânio. Em junho de 1994, o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, viajou até Pyongyang para conversar com Kim Il-Sung. Para a surpresa dos americanos e da Agência Internacional de Energia Atômica, Kim concordou em suspender e parecia estar embarcando em uma nova abertura com o ocidente.

Kim Il-sung e seu então jovem filho Kim Jong-il

Em 8 de julho de 1994, Kim Il-Sung sofreu um ataque cardíaco aos 82 anos de idade. Após o ataque cardíaco, Kim Jong-Il ordenou aos médicos que estavam constantemente com Kim Il-Sung que se retirassem e fez com que os melhores médicos do país fossem trazidos de Pyongyang. Após várias horas, os médicos de Pyongyang chegaram, mas apesar dos esforços, não conseguiram salvá-lo e Kim Il-Sung morreu. Após o período tradicional de luto do confucionismo, sua morte foi declarada trinta horas depois.

Norte-coreanos prestam homenagem após a morte de Kim Il-Sung em julho de 1994 em frente à sua estátua, na colina Mansudae, em Pyongyang

A morte de Kim Il-Sung resultou em um luto nacional de dez dias, declarado por Kim Jong-Il. Ao seu funeral em Pyongyang compareceram centenas de milhares de pessoas que vieram para a capital de todas as partes da Coreia do Norte. O corpo de Kim Il-Sung foi colocado em um mausoléu público no Palácio do Sol Kumsusan, preservado e embalsamado dentro de um vidro para observação.